Reconversão do Antigo Mercado Municipal de Abrantes em Multiusos

Concurso Público Internacional

O Concurso de Conceção lançado pela Câmara Municipal de Abrantes previa a reconversão do antigo Mercado Municipal de Abrantes para um Edifício Multiusos. A área de intervenção, com cerca de 6600 m2, estava localizada nos limites do centro histórico da cidade de Abrantes.

Alguns dos principais desafios eram criar um edifício capaz de servir de ligação ao centro da cidade e capaz de interligar as diferentes cotas existentes visto situar-se numa grande colina.

Na envolvente, identificavam-se ainda problemas de trafego automóvel excessivo com um cruzamento muito movimentado junto ao canto do edifício existente. Neste sentido era imperativo criar mais espaço para os peões em frente ao edifício (grande parte dos passeios existentes não tinham mais de um 1 metro de largura).

O projeto tinha de proporcionar uma zona qualificada através da qual os peões pudessem contornar todo o edifício e subir desde o vale até ao centro histórico sem barreiras, com menos ruído e sem o perigo inerente ao desenho existente para a circulação automóvel.

O desenho está orientado a Norte

O objetivo foi sempre manter o traçado original do mercado preexistente naquilo que de maior valor tinha o edifício. Nesse sentido optou-se por replicar as métricas das fachadas principais para as fachadas das zonas a ampliar.

O tráfego automóvel foi repensado de modo a simplificar a circulação automóvel e evitar a existência de um cruzamento tão movimentado a sudeste do edifício. Uma das faixas de circulação foi desviada para Nascente permitindo criar uma alameda pedonal contínua em volta do edifício.

Para a criação de espaços de circulação e de estada qualificados ao redor do edifício foram então criadas duas praças, uma alameda contínua e uma zona ajardinada no acesso à garagem no piso -1, tudo ao longo de três cotas distintas. Para além da alameda e dos percursos pedonais em calçada, criaram-se elementos verticais exteriores (escadas) pensadas para servir a cidade e integrar o edifício com um todo.

O interior apresenta também escadas e elevadores de ligação entre os pisos que poderiam servir a população e servir de motivo para a visita ao interior do edifício.

As praças criadas participam no projeto e foram pensadas para ser parte integrante das funções multiusos propostas para o edifício. Isto significa que uma exposição, feira ou qualquer outra atividade cultural se poderia assim estender para lá dos limites do edificado.


Outra situação que nos parecia bastante óbvia, ainda mais perto de uma zona histórica da cidade, seria sempre a redução do impacto visual que este novo edifício criaria na vista da cidade a partir do vale. Ora, um edifício destas dimensões (mesmo o existente) apresenta sempre um impacto significativo, mas o que se pretendia evitar era um incremento desse impacto.

Para tal decidiu manter-se a altura máxima existente e, por outro lado, alongar muito ligeiramente o edifício apenas de modo a cumprir as suas funções. A opção por uma consola em estrutura metálica, tem, para além da função de receção a partir da praça, a função de reduzir o impacto visual criado pelas ampliações realizadas no piso superior.


O edifício e as fachadas originais são facilmente identificáveis pelas diferenças de materialidade e de cor utilizadas propositadamente.

No que diz respeito ao espaço público a proposta resolve muito bem a relação com a envolvente e criam-se eixos muito intuitivos que facilitam claramente a circulação das pessoas que pretendem aceder ao centro histórico a partir do vale.


No interior o edifício desenvolve-se em 3 pisos:

  • O piso 1 fica inteiramente dedicado às funções multiusos e às respetivas funções acessórias;

  • O piso 0 integra uma receção/ bengaleiro, um pequeno bar, uma sala de cinema e várias áreas técnicas;

  • O piso -1 fica dedicado ao parqueamento automóvel.

UM PROJETO DESENVOLVIDO EM PARCERIA COM:


  • ARQUITETO MIGUEL DEL CASTILHO RODRIGUES

  • ARQUITETO PAISAGISTA VÍTOR PINA.